domingo, 11 de abril de 2010

A LUZ

“Segundo reza a pequena história, Goethe, à beira da morte pediu mais luz, mais luz e Pessoa, na mesma situação limite, pediu os óculos para ver melhor, ainda, essa mesma luz. Carlos Dugos é um privilegiado: bem longe dessa fronteira, ele damanda já a luz na sua pintura, afirmando muito claramente que a pintura é a luz ou não é coisa nenhuma”.
António Carlos Carvalho in “Negócios”

…”O Carlos Dugos ensina-nos que o sol é o mestre de todos os artistas e como cavaleira da esperança, agradeço-lhe a arte da luz”…
Margarida Ruas dos Santos, directora do
“Museu da Água”, Lisboa


A COR

“ Nos seus trabalhos, onde se nota, antes de mais, o rigor com que cumpre as regras da técnica de manipulação da substância, que é afinal a pintura, Carlos Dugos faz o que se pode chamar a celebração da perspectiva e da luz, servindo-se da cor, nas áreas e nas suas fronteiras como se cada obra fosse um todo único, mas onde até os esbatidos têm uma personalidade particular”.
Rodrigo Vaz in “Correio da Manhã”

A METAFÍSICA

“Estamos, assim, preocupados com a relação possível que pode estabelecer com a Metafísica, visto que foi ela (como confessa) que lhe deu ordem para pintar”.
António Carlos Carvalho in “Negócios”

A METAFÍSICA DA COR

… “Por exemplo: os vermelhos oriundos da oxidação do ferro, trazem em si a personalidade metálica da divindade que fere com o ferro. Esses filhos de Marte são egoístas e turbulentos; deve sempre evitar-se pô-los em contacto com a pureza virginal do branco lunar – dito de prata, ou com a voluptuosidade afrodisíaca dos verdes; caso contrário, estes não se manterão junto de um irmão ou esposo tão arrogante e ácido. Ainda exemplificando, os verdes obtidos do ftalocianino de cobre, particularmente quando misturados ao cromato de chumbo, acusam uma tendência muito marcada para degradação: No fundo é a tendência que o cobre tem para oxidar a manifestar-se; ou não fosse ele o metal atribuído a Afrodite – Vénus, a deusa-natureza, mãe da vida, também esta em permanente oxidação. E o troféu emblemático de Vénus á a maça, o mais oxidável dos frutos simbólicos. Por outro lado, o chumbo saturnino arde lentamente, naquela melancolia do exílio, em que embranquece a barba de Cronos-Saturno, o velho do Tempo, prematuramente envelhecido”.
Carlos Dugos em entrevista à crítica de Arte
Margarida Botelho, in “A Linha Portuguesa”

UM OLHAR PORTUGUÊS

… “Carlos Dugos redescobre a cor e o sentido de tudo à beira de uma janela gótica ou manuelina. Nestes quadros o caos e a ordem refazem-se outra vez. Eis um pintor português – e reconhecemo-lo como tal em qualquer parte do Mundo. Pelos sinais, pelas cores e formas da sua obra. A Ordem do Mundo faz-se nas suas telas. Olhai e vede, é tudo tão claro”.
António Carlos Carvalho in catálogo de exposições,
na Galeria Ara, Lisboa, 1992

A MENSAGEM

… “Isso e a concha de Santiago nas nuvens. A peregrinação essencial começa aqui e acaba no céu. Nas águas superiores. E se descobrirem que a Mensagem está toda nestas telas não serei eu a discordar. Ainda me comovo com estas descobertas”…
António Carlos Carvalho in catálogo de exposições,
na Galeria Ara, Lisboa, 1992

A MÃO
…”Temos então que o primeiro utensílio do Homem é a sua mão, a que Aristóteles chamava o instrumento dos instrumentos, e que é o modelo de todos os outros utensílios. No caso do pintor, que é aquele quer nos interessa, o pincel é apenas o prolongamento da sua mão, e ambos formam uma unidade na expressão do pensamento do artista. O pintor pensa, fala, diz como o escritor. Fazer /Arte) é uma passagem da função de dizer; dizer deriva de uma raiz que significa mostrar com o dedo, apontar, entre eles que a palavra torna-se uma mão que executa, à distância, uma mesma função”.
“E o que Carlos Dugos nos diz, através do trabalho perfeito da sua mão”?...
…”De pé, entre as ruínas, a mão do artista aponta o Homem verdadeiro”.
António Carlos Carvalho in catálogo de exposição,
na Galeria Escada Quatro, Cascais, 1994

O ACTO DE EXPRIMIR

“ Com efeito, um determinado conteúdo temático exige uma linguagem plástica apropriada, para se exprimir com a conveniente clareza e objectividade. Em pintura, como em qualquer arte, as melhores ideias carecem de um léxico e de um cânone que as não deturpe, no momento da execução, por deficiência ou por excesso”.
“Essas inspirações exprimem-se idealmente se forem acompanhadas, na acção realizadora, por uma forma que as exalte. O sincronismo entre o que se pensa e o que se faz depende da descoberta de como fazer aquilo que se pensou; e, naturalmente, esta dialéctica desenvolve-se contrariamente às frequentes tendências, repetidamente divulgadas por alguns cultores da arte actual, em que a ideia inicial è parcial ou completamente subvertida durante a execução”.
“À convicção de que o quadro se vai fazendo por si, convicção passiva e sujeita às contingências do acaso, é possível contrapor a intenção de, na medida das possibilidades pessoais, dominar todas as partes do processo, assumindo-se o autor activamente, como condutor dos seus próprios pensamentos e acções. Trata-se aqui de uma opção de carácter apolíneo, no sentido clássico do termo, tomada e desenvolvida interiormente, perante um meio exterior em que imperam as modalidades dionisíacas de Arte e acção”.
Carlos Dugos em entrevista ao historiador de Arte Jorge de Matos.
In álbum gráfico “Carlos Dugos – Jogos Reais”

SIMBOLISMO E MITO

“O pintor Carlos Dugos (cuja obra artística é atravessada, vincadamente, pelo símbolo e pelo mito) realiza, como ensaísta no domínio do esotérico, com Tradição e Simbólica do Princípio Real uma obra polémica”…
…”Na senda de autores como René Guénon e Julius Evola, Carlos Dugos assenta as suas reflexões numa perspectiva claramente perenialista”…
José Manuel Anes, ensaísta, in perefácio a
“Tradição e Simbólica do Princípio Real”

... “Profundamente marcado pelo anseio metafísico do invisível e do absoluto, este ciclo de pintura de Carlos Dugos reitera a linha pictórica do seu figurativismo simbólica e realista. Aqui, tal como em exemplos anteriores, recorre constantemente ao equilíbrio da luz, a mestria da proporção e da cor e a uma notável técnica pictórica que cruza o mais rigoroso geometrismo com a leveza e a subtilidade no tratamento das figuras”.
Manuel Cândido Pimentel, Universidade Católica
Portuguesa, in prólogo do álbum
“Carlos Dugos – Jogos Reais”

“ É bem conhecido o apotegma alquímico solve et coagula base de toda a Arte hermética, seja ela operativa ou especulativa. Dissolver e solidificar, volatilizar e fixar, expandir e concentrar, são os dois tempos da manifestação universal, a complementaridade que propicia a vida. Ora esta espécie de manivela que por movimentos complementares simultâneos faz girar o Mundo constitui, em pintura, o modus operandi definitivo. Com efeito, o pensamento carece de substância para se materializar, como a matéria carece do pensamento para se tornar ideia expressa. Ao tomarem-se as tintas caóticas e inertes e aplicando-as num quadro onde passem a exprimir-se em modo de ideia, pratica-se o primeiro tempo – solve já que a tinta se dissolveu, enquanto substância, transmutando-se em ideia. Tal facto comporta, no entanto e só por si, a realização do termo complementar – coagula, já que a ideia perdeu a sua condição etérea, para se solidificar materialmente na tela, prisioneira da tinta que a exprime. O imperativo alquímico: volatilizar o fixo e fixar o volátil tem no exercício da pintura – também ela alquimia – um exemplo prático e limpidamente operativo”.
Carlos Dugos, in “Cântico Silencioso”, conferência
Apresentada no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa

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